14 junho 2013
Olá a todos, saudades
Pois é, já tem um tempo que não apareço por aqui. Não vou entrar no mérito da discussão sobre falta de tempo x falta de inspiração, mas o fato é que essa semana particular, na qual comemoramos o dia dos namorados e dos desesperados, digo, dia de Santo Antônio, uma questão me intrigou. Porque os relacionamentos estão fadados a cair na rotina?
Não é segredo para ninguém que muitos términos de relacionamento estão apoiados na justificativa "caimos na rotina" ou "nosso amor se perdeu, não é o mesmo de antigamente". O fato é que, uma das coisas que tem intrigado os cientistas que estudam as relações é justamente o fato de que, após algum tempo de relação, os relacionamentos tendem a sofrer uma transformação.
Comecemos pois, pela ciência. Quando nos interessamos por alguém, são liberadas substâncias que provocam sintomas intensos e avassaladores em todo o corpo. Os mais evidentes são o aumento da pressão arterial, da freqüência respiratória e dos batimentos cardíacos, a dilatação das pupilas, os tremores e o rubor, além de falta de apetite, concentração, memória e sono. Tudo provocado por alterações em regiões específicas já identificadas pela ciência com a ajuda de ressonância magnética funcional e outras tecnologias.
Uma das responsáveis pelas descargas de emoções para o coração e as artérias é a dopamina, um neurotransmissor da alegria e da felicidade liberado no organismo para potencializar a sensação de que o amor é lindo. Ficamos agitados, corajosos e dispostos a realizar novas tarefas, apesar de dormirmos e comermos mal. É nesse ponto que pensamos que essas sensações devem durar para sempre. Contudo, não é bem assim que a coisa acontece. Com o passar do tempo, a produção dessas substâncias vai diminuindo, ou conforme o neurocientista Renato Sabbatini em entrevista à revista Superinteressante, a fogueira da euforia, entretanto, pode ficar sem lenha e nem evoluir. “Há gente viciada no mecanismo da paixão, que busca um novo objeto de desejo toda vez que os sintomas passam”, diz Sabbatini. O prazo de validade do efeito paixão varia de pesquisa para pesquisa. Sabbatini observa que o fundamental é a paixão passar naturalmente, o que acontece em alguns meses, com o cérebro descarregando menos dopamina e reduzindo as endorfinas. “No auge, as alterações químicas são tão intensas e tão estressantes que, se durarem tempo demais, o organismo entra em colapso”, diz. Então, de acordo com a ciência, é um fluxo esperado dos relacionamentos, que eles entrem em uma fase mais calma.
De acordo com a Psicanálise, quando nos apaixonamos nos relacionamos com uma imagem do nosso amor-perfeito projetada no outro. Com o tempo, essa projeção vai se desfazendo e revelando a pessoa com a qual você está se relacionando de fato. Entretanto, algumas das características presentes na projeção ainda permanecem. Se este resto que sobra, for suficiente, a relação perdura, agora em um modelo mais estável e pautado pelo carinho e afeição. Os sentimentos iniciais de paixão (quase) desaparecem. Afinal não dá para viver com borboletas no estômago 24h, não é verdade?
A questão é que, precisam transcender para uma forma mais branda para perdurarem. E a intimidade tem grande parcela de contribuição nisso. E ainda: Com o tempo, não há mais a necessidade da conquista, uma vez que ambos já expressaram os sentimentos um para o outro. Além do mais, há outras preocupações, como trabalho, vida social, que vão aos poucos tomando o espaço que era anteriormente ocupado pela paixão. E a vida continua. Pois afinal, enquanto estamos apaixonados, pensamos no outro o tempo inteiro. Se isso perdurar para sempre, não conseguiríamos dar continuidade à nossa vida cotidiana. É como diria Freud: Saúde Mental é a capacidade de Amar e Trabalhar. Se um dois dois está demais, algo está errado.
O segredo está justamente em quebrar a rotina algumas vezes, para relembrar aquela emoção inicial. E assim, temos chances de viver o nosso "Felizes para Sempre"
Espero que tenham gostado
Abraços,
Cintia C.
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